sábado, 11 de abril de 2015

NOVA RELIGIOSIDADE NUM MUNDO CANIBALESCO



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NOTA IMPORTANTE - Algumas das fotografias, pela sua "violência", podem ferir a sensibilidade de algumas pessoas.



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No ano de 1993, Kevin Carter fotografou uma cena que dispensa comentários.
Em Ayod, no Sudão, em plena epidemia de fome, uma criança subnutrida arrasta-se enquanto um abutre-de-capuz aguarda pacientemente a sua morte.
Carter disparou a sua máquina, afastou o abutre e partiu de imediato para Nova Iorque.
O New York Times publicou a fotografia, que em 1994 ganhou o prestigiado prémio Pulitzer.

A morte de mão dada com a fome, o mundo tal qual ele é, foi o que Kevin viu.
Meses depois suicidou-se. Em 27 de Julho de 1994, em Joanesburgo, num local onde tinha por hábito brincar quando criança pôs termo à vida. Tinha 33 anos de idade.

Numa nota, que se resume, deixou-nos as seguintes palavras:
“Eu sinto muito. A dor da vida ultrapassa a alegria ao ponto em que a alegria não existe (…), deprimido (…). Estou ensombrado pelas vívidas memórias de mortes e cadáveres e raiva e dor (…), de crianças famintas ou feridas, de loucos com dedo no gatilho, muitas vezes polícias, carrascos assassinos (…).”


FOME NO MUNDO


Todos eles são os culpados da fome no mundo. Opróbrio e vergonha de uma falsa civilização. Não tu! 
Sinto muito Kevin. Não deverias ser tu a suicidar-te, mas os causadores do Mal neste mundo canibalesco. São esses criminosos de colarinho branco que se deviam ter suicidado ou suicidar neste preciso momento.
Ditadores, papas, falsos santos, governantes imundos, entre tantos.

O papa Alexandre VI, de seu nome Rodrigo Bórgia. O papa das grandes orgias. Com frequência juntava dezenas de prostitutas numa sala e encarregava alguns clérigos que observassem as cópulas, contando os orgasmos, numa espécie de concurso sexual. Estuprava a sua filha Lucrécia e matava os seus opositores. Muitos poderiam ser os maus exemplos na história dos papas e seus assessores

Veja-se a “Taxa Camarae” – A idade da corrupção e do pecado na igreja.

E tantos outros que o antecederam e que o seguiram. Papas, Cardeais, Bispos, todos imersos no pecado e possuídos pelo Senhor deste Mundo.

Referência ao Pe. Gabriel Amorth


Madre Teresa de Calcutá

Tende cuidado com os “falsos profetas” e a quem dais as vossas “esmolas”…
É com dor profunda que referenciamos este vídeo, mas infelizmente, investigadores imparciais têm vindo a demonstrar uma “faceta” de madre Teresa que durante muito tempo nos recusámos a aceitar.

Governantes, políticos, sacerdotes criminosos, autoridades iníquas, ricos e poderosos.
E seus cúmplices, ou seja todos os que participaram e participam de modo directo ou indirecto nas calamidades a que assististe, dando-lhes o seu assentimento por acção ou por omissão.
Tantas ignomínias perpetradas por um poder sujo, encabeçado por falsários, ladrões, corruptos, todos escandalosamente imundos.
Criminosos da humanidade, em regra, impunes aos malefícios que causaram e causam, alguns calorosamente recebidos e cumprimentados por representantes de Estados que se dizem desenvolvidos, como da comunidade europeia.

Islam Karimov é apenas um dos muitos exemplos. Chefe do Estado do Uzbequistão tornou-se célebre por ter colocado em água a ferver alguns dos seus opositores e por ter ordenado o massacre de Andijan, onde cerca de 1500 manifestantes foram mortos pelas suas tropas de elite. Os sectores mais importantes da economia eram controlados por si, pela sua família e pelos seus bajuladores – v.g., algodão e gás natural.
Também o Presidente de Angola foi recebido com pompa e circunstância pelos presidentes de Portugal e do Brasil. E muitos mais, perversos assassinos dos seus próprios povos são acolhidos em Estados democráticos que apregoam os direitos do homem ao vento.

Uma patologia epidémica, altamente infecciosa dos países subdesenvolvidos, enfermidade de outros, que se autoproclamam desenvolvidos. 


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"Pisces maiores constat glutire minores, sic homo maioris saepe fit esca minor".

Neste artigo tratamos do Mal no mundo nas suas múltiplas facetas e da sua inevitabilidade, como consequência da existência de religiões e líderes religiosos nauseabundos, governos e políticos falsos e repulsivos como sepulcros abertos, ricos e poderosos sem escrúpulos vergados aos deuses do prestígio e do oiro.
Injustiça, guerra, fome, subnutrição, carência dos mais básicos cuidados de saúde, violação dos mais elementares direitos humanos, escravatura, exploração de crianças e mulheres, violência e mais violência, essência dos senhores que se apropriaram deste mundo.

A TRISTE REALIDADE

Não nos venham as Igrejas afirmar que a permissão divina do mal físico e do mal moral é um mistério incompreensível que Deus esclarece por seu filho Jesus ou que será entendido plenamente no momento da nossa morte, como se por artes mágicas nos seja dada a certeza de que o mal não seria permitido se dele não nascesse o bem.
Não nos venham os papas e outros líderes de outras religiões, papagueando textos que dizem sagrados – mas que de sagrados nada têm – com palavras mansas prometer o inconcebível e apelar a uma paz que sabem inatingível, limitando-se a lançar sílabas ao vento, e atulhando as caixas-fortes das suas libertinas instituições.
Não nos venham os políticos nas suas línguas viperinas prometer justiça, igualdade e pão, quando se ocupam tão-somente a engordar os seus fétidos ventres, querendo evitar qualquer revolta, mais do que justificada, levantamento de povos abúlicos transformados em dóceis ovelhas.
Não nos venham também, ricos e poderosos, aludir à sua imprescindibilidade para a sobrevivência do mundo, enquanto se refastelam com o pão furtado aos pobres. 


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As religiões existem porque há morte.
A filosofia existe porque o homem é um ser-para-a-sua-morte.
As Teodiceias nascem porque nada parece justificar o mal num mundo criado por um Ser de bondade e Amor.


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Jesus terá dito : “A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos. Mas vós fizestes dela um covil de ladrões” - (Mc 11, 17 – veja-se Is 56, 7 e Jr 7, 11)

Indo ainda mais longe, o templo de Deus é o mundo, e este planeta de predadores onde a confiança está ausente. Dele, os homens fizeram um covil de embusteiros, trapaceiros, ladrões, corruptos, e líderes religiosos e políticos sanguinários ao serviço dos seus próprios interesses e dos bajuladores que os cercam, condenando à mais degradante pobreza a maioria dos seus irmãos.

Apregoa-se a alegria de viver, a confiança no homem e no futuro, uma ética humanista, o amor, a solidariedade, um paraíso para os pobres, mansos e civilmente obedientes. Como se os males do mundo sejam consequência única da desobediência civil e religiosa.
Mas, como anota H. Zinn, “a desobediência civil não é o nosso problema.
O nosso problema é a obediência civil. O nosso problema é que pessoas por todo o mundo têm obedecido às ordens de líderes e milhões têm morrido por causa dessa obediência. O nosso problema é que as pessoas são obedientes no mundo face à pobreza, fome, estupidez, guerra e crueldade.
O nosso problema é que os seres humanos são obedientes enquanto as cadeias se enchem de pequenos ladrões e os grandes ladrões governam os países.

As prisões dos ladrões que governam o mundo estão vazias…

Aos oprimidos, aos injustiçados, aos famintos, a todos os espoliados e desvalidos, dir-vos-ei com Jesus: Se não tendes uma espada, ide, vendei tudo o que tendes e comprai uma…

Refiro-me aqui ao Jesus histórico, tal como o entendo. Um revolucionário, discípulo de João Baptista, que percorreu a Galileia e subiu a Jerusalém reunindo um exército de pobres tendo como objectivo principal estabelecer o Reino de Deus nesta terra. A personificação da paz, mas também da guerra aos poderosos, aos ímpios, aos vendilhões e ladrões dos humildes e desamparados. O Homem capaz de afrontar as perversas autoridades judaicas e o próprio império romano, sabendo de antemão como acabaria a sua vida. Condenado à morte por sedição num julgamento sumário realizado por Pôncio Pilatos.
Se se quiser, um Enviado, filho humano de um Deus dos pobres.

Expulsai deste Templo pelo chicote e pela espada, os vendilhões, os usurários, os poderosos, os políticos, ricos ignóbeis, juízes iníquos, autoridades sanguissedentas, ladrões dos pobres e oprimidos. Derrubai os seus tronos e recolhei suas moedas que distribuireis equitativamente pelos pobres.


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O homem é um animal religioso. A vida à superfície da Terra é extremamente dura e constantemente envolta num manto de dor. Condenado ao sofrimento e à morte física, busca no além, numa entidade que o transcende na sua perfeição absoluta, o consolo da perpetuidade. A angústia da existência é minimizada pelo prémio concedido por um Pai de compaixão que o receberá no seu seio amoroso por toda a eternidade.

Não podemos aqui debruçar-nos sobre todas as religiões – não é esse o intuito destes escritos -, mas nas que nos estão mais próximas, Deus omnipotente, infinitamente perfeito e bem-aventurado, é o criador do mundo e das criaturas racionais e irracionais, bem como dos anjos.
Nelas, o homem deseja Deus. Desejo que está impresso no seu espírito, que é por Ele provocado para que o conheça e ame por intermédio de uma fé que é tida como virtude sobrenatural.

Estando limitados pelo tempo-espaço não o podemos compreender, dizem-nos, quando muito poderemos conhecê-lo, quer pela luz da razão humana iluminada, purificada e elevada pela fé quer a partir do mundo e das coisas por si criadas (Concílio Vaticano II e Rom 1, 20). Mas para o conhecer é fundamental que manifestemos tal intenção enquanto firme desejo no assentimento das verdades reveladas e pela fé, pressuposto indispensável para Lhe agradar. Parece-nos que para os católicos Deus tem uma enorme necessidade de ser comprazido – veremos infra de que modo.

Aquela que é considerada a prova por excelência da existência de Deus é a da causa primeira, não obstante não se possa provar cientificamente que Ele tenha ou não existência. O mundo exige uma causa de si mesmo. E a essa causa chamamos Deus, como ser último, porquanto não é compreensível que todo o ser que começa a existir não tenha uma causa.
Mas terá mesmo de ter uma causa? E poderemos reconhecer por intermédio da razão, ainda que com algumas limitações da existência da alma espiritual e da sua imortalidade, alma que como princípio vital comunica ao corpo vida, sensitividade e pensamento?
E as almas são preexistentes ou não preexistentes, criadas ou não criadas por Deus?
E se a imortalidade for uma quimera, a ilusão de mentes conturbadas?
Já discutimos estas questões noutro texto.

Ver »


No cristianismo, a fé é uma adesão voluntária do homem à verdade revelada nas Sagradas Escrituras e pela Tradição, sendo absolutamente necessária para a salvação : “Quem acreditar e for baptizado será salvo, mas quem não acreditar será condenado” (Mc 16, 16). Veremos uma excepção interpretativa a este normativo religioso-evangélico de que fora da igreja não há salvação em momento posterior (LG) – excepcionam-se os que sem culpa, desconhecem Cristo e a sua Igreja. Esta excepção indicia desde já um fenómeno com que vos irais deparar no estudo da história das religiões evoluídas : o princípio da oportunidade.

Há na história um estranho Deus a revelar princípios normativos contraditórios, eivados de desumanidade e infâmia aos povos, chegando mesmo a eleger um deles como o seu povo. Citemos como exemplo o Antigo Testamento e o Corão, com as suas Leis e uma Sharia contrárias à compaixão e a toda a ética que se deseja humanista, como se Deus reinasse às atrocidades e impiedades.


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O mundo é religioso. Estatisticamente religioso. De uma população de 7 parece que 6 mil milhões professam uma religião.

Em 2010 teríamos (números aproximados em milhões):
Cristãos – 2.200
             Igreja Romana – 1.100
             Igrejas Pentecostais – 426
             Igreja Protestante – 417
             Igreja Ortodoxa – 275
             Igreja Anglicana – 86
             Outras – 34

Islamismo – 1.500
Judaísmo - 15
Hinduísmo – 950
Religiões Populares Chinesas – 434
Budismo – 450
Outras, tais como Espiritismo, Confucionismo, Jainismo, Siquismo, Taoísmo, Xamanismo, Xintoísmo – 400

Não nos será possível num trabalho que pretendemos sintético, enumerar toda a argumentação que contraria frontalmente a utilidade das religiões, sendo certo que apenas uma minoria poderá estar afastada de graves dissensões internas e externas, com perseguições, fundamentalismos e conflitos armados – guerras e algumas acções que podemos qualificar de terroristas.

As religiões são violência, vício, ostentação e pecado. A maioria dos adeptos são “ateus práticos”: vivem no pleno esquecimento de Deus, comportando-se como se Ele não tenha existência. São os religiosos-submarinos: assomam à superfície quando o perigo de afundamento é praticamente inevitável. Afirmam-se religiosos, mas os seus corações estão empedernidos pela ganância, violência, egocentrismo e falsa compaixão.
As religiões são um dos maiores produtores da guerra, da violência, do pecado, de falsos santos, sacerdotes recalcados, viciosos e calaceiros, que nada produzem para além de palavras ocas, bastardos e violentados.
Um abade beneditino, sujeito aos votos de pobreza, obediência e castidade, terá confessado: “O meu voto de pobreza presenteou-me com cem mil coroas por ano; o meu voto de obediência deu-me o estatuto de príncipe soberano.”
Ter-se-á esquecido de realçar as consequências do voto de castidade?
Percorrei as igrejas e paróquias destas nossas terras e vede com os vossos próprios olhos, ouvi com os vossos ouvidos e examinai com os vossos corações com que famigerada espécie de sacerdotes somos presenteados.  

As palavras de Ghandi são extensíveis a todas elas, não se resumindo ao Cristianismo:
"Amo o cristianismo, mas odeio os cristãos, pois não vivem segundo os ensinamentos de Cristo."


Lembremos o Judaísmo. Os judeus foram perseguidos na Idade Média, pela própria Igreja de Roma, pelos luteranos e sofreram o maior dos horrores no holocausto – como já dissemos, 6 milhões de inocentes massacrados. Por outro lado, o problema palestiniano não é propriamente uma glória do Estado de Israel.

O Cristianismo com as cruzadas, o Santo Ofício da Inquisição, uma caçada implacável às “bruxas”, que se chegou a estender a alguns místicos cristãos, as suas guerras religiosas e um antissemitismo confesso.

O Islão, onde abundaram as guerras religiosas, a violação dos direitos humanos, a perseguição às minorias, o estatuto das mulheres – evitando mencionar a questão do terrorismo por se estribar em facções sectárias específicas.


Deixemos esta matéria para um momento posterior, na certeza porém de que no cristianismo não existe uma unidade do Antigo com o Novo Testamento. Aliás, na época de Márcio de Sinope (80-155) a maior parte dos escritos do Novo Testamento já existiam. Márcio é um crítico racionalista da Bíblia. O Deus do Antigo Testamento não tem real correspondência com os juízos de omnipotência, omnisciência e de bondade que lhe atribuem. O cristianismo adensa-se fundamentalmente nos quatro Evangelhos e nas Epístolas de Paulo – veja-se »

Muito menos teremos resquícios dessa unidade com o Novíssimo Testamento ditado ao Profeta Maomé.


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Quedemo-nos por ora pelo Cristianismo, debruçando-nos em especial na doutrina expendida pela Igreja Católica, no seu Catecismo – que se diz “fiel e iluminado pela Sagrada Escritura, pela Tradição Apostólica e pelo Magistério da Igreja” – publicado em 1992, como resultado de um trabalho de seis anos impulsionado pelo papa João Paulo II. Em 2003, o mesmo papa, constituiu uma comissão especial presidida por Ratzinger, para a elaboração de um Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, com propostas de melhoramento. Nalgumas doutrinas, mais do que melhoramentos, teremos de falar em revogações expressas, o tal princípio da oportunidade que esconde a malfadada infalibilidade papal e de uma Igreja em derrocada, minada por vícios e impregnada pelo Mal que terá “entrado pelas frestas do templo”. 

A palavra religião provém da palavra religare ligar, enlear o homem a Deus – sendo a ciência que nos ensina o conhecimento de Deus, dos deveres que nos impõe e dos meios que nos conduzem até Ele. O seu objecto constitui-se na acção que nos leva a alcançar a sua posse no seu próprio Reino, ou seja no Paraíso Celeste.
Se por um lado temos uma Teologia Dogmática, estudo das verdades em que devemos acreditar sem reservas, por outro, devemos fazer a distinção entre religião natural e religião revelada, sendo a aceitação de ambas, necessária para atingir a salvação. A primeira fundamenta-se na razão, enquanto que a segunda se subdivide em pública e privada e está contida na Sagrada Escritura e na Tradição. A primeira, de assentimento obrigatório aproveita a todos os fiéis. A segunda apenas a uma pessoa ou a um grupo de pessoas específicas – lembremos aqui alguns místicos e santos. Numa perspectiva teológica a revelação pública teve o seu fim com os Apóstolos.
A Sagrada Escritura, também denominada Bíblia, é a palavra de Deus comunicada sob inspiração do Espírito Santo, àqueles que foram por Ele escolhidos. À Igreja incumbe a interpretação autêntica da Palavra de Deus, Igreja que é representada pelos sucessores de Pedro e seus bispos, contrariamente ao que acontece com o protestantismo onde o livro-exame permite que cada crente a interprete independentemente de qualquer autoridade.

A revelação de Deus à humanidade terminou com Jesus.
Para todos os efeitos os dogmas são uma verdade revelada por Deus e que a Igreja adoptou no seu magistério e que iluminam o nosso caminho. Pode dizer-se que alguns dos dogmas são verdadeiros mistérios, impossíveis de atingir por um entendimento limitado, nomeadamente o da Santíssima Trindade.   

A existência de Deus é a verdade fundamental da religião, o seu ponto de partida, seja do Judaísmo, do Cristianismo ou do Islamismo.

O Deus dos cristãos não é corpóreo, é espírito. Infinitamente perfeito tem em si a razão da sua existência.
Tudo pode e para Ele não há projectos impossíveis (Job 42, 2). É omnipotente; tudo previu desde a eternidade, e tudo ocorrerá inelutavelmente segundo a sua vontade, de modo necessário nas criaturas irracionais e livremente nas racionais.
É Amor e a sua essência é simples, eterna e infinita. Amou-nos com tal intensidade que nos deu o seu filho único, para que todo o que nele creia não pereça, mas tenha a vida eterna. Deus não enviou o seu filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele (Jo 3, 16-17). É verdadeiramente um Deus de Amor Supremo.
O mundo e todas as criaturas é dele que recebem a sua existência. O mundo foi por si criado para sua glória (Conc Vat I). Mundo criado do nada, ordenado e bom, condenando-se aqui o panteísmo – todos os seres se confundem com Deus, por serem emanação da substância divina.
Deus, sendo nosso Senhor, ter-nos-á criado, imortais, com intervenção directa na formação do corpo e na gestação da alma, que apesar de distintos se unem formando um único ser, para o servirmos e louvarmos – o que nos parece descabido, já que sendo omnipotente e infinitamente perfeito não deveria ter qualquer necessidade de adoração por parte de criaturas tão imperfeitas e cruéis como os homens.

E agora tudo se complica.
Não satisfeito, criou os Anjos, criaturas incorpóreas, totalmente espirituais, ou seja, espíritos puros, superiores ao homem, com uma enorme capacidade de inteligência e amor.
E criou-os aos milhares para que o louvassem em todos os tempos, cumprindo as suas determinações.
Alguns deles, chefiados por Lúcifer revoltaram-se e foram vencidos numa contenda com os Anjos fiéis a Deus comandados por S. Miguel Arcanjo, derrota que teve como consequência a sua condenação ao Inferno. Daí, ter santo Agostinho afirmado que sem Satanás não há Cristo.
Mas Deus determinou ainda que alguns deles se incumbissem de proteger os homens: são os Anjos da Guarda.
Os Demónios passaram a partir daí a exercer uma actividade tentadora procurando arrastar os homens para a perdição. O assédio, a obsessão e a possessão são alguns dos seus ardis, justificando nalguns casos a prática do exorcismo. Veja-se quanto aos exorcismos »

E mais se complica ainda numa afronta a toda a lógica e intuição ponderada.
O pecado original. Segundo a Igreja Deus criou os nossos primeiros pais num estado de perfeita santidade e de justiça original.
Mas no pecado dos nossos primeiros pais, nessa sua opção de desobediência, há como não poderia deixar de haver, uma voz sedutora, que se opõe a Deus e que por mal de inveja os fez cair na morte.
Estou a imaginar uns pobres diabos nas planícies africanas, seminus, expostos às intempéries, temerosos quanto à voracidade dos elementos, indefesos à maioria dos animais selvagens, com um pensamento simiesco, sofrendo com todo o tipo de doenças, pecando perante um Deus compassivo.
Ora, o pecado dos nossos primeiros pais não terá sido um simples pecado de gula, mas um muito grave pecado de soberba. Aqueles homens-macacos radicalmente perdidos num sem-entendimento-natural pretenderam ser iguais a Deus (Gen 3). Senhores cardeais, senhores papas, conclaves, doutrinações e outras confabulações magistrais tende piedade de nós porque somos lerdos e não vos compreendemos…
E tal pecado, de um tal Adão, que deveria viver no cimo de uma árvore quando não trovejava, transmitiu-se a todos os homens por intermédio da cópula, sempre que daí nascesse um novo e amaldiçoado ser; um malfadado pecado contraído.

E o novelo emaranha-se sem concerto.
Deus, compassivo e bom, vendo que os aborígenes tinham querido ocupar o seu lugar, decaindo da sua excelsa condição original, prometeu-lhes um Redentor, que haveria de alcançar uma vitória sobre o pecado, trazendo-nos bens em muito superiores aos que o pecado nos retirou.
O seu filho – Deus como toda a gente também quis ter um filho – encarnou e fez-se homem, tendo nascido de mulher sem pecado. Nasceu das entranhas puríssimas da Virgem Maria, concebido por obra e graça do Espírito Santo.
A seguir a Maria é José em virtude a maior das criaturas terrenas.
As minhas dúvidas concepcionais residem nos irmãos de Jesus, principalmente de Tiago o “Justo”, de que falaremos em momento posterior – não vou aqui abordar o problema de Jesus ter sido casado, pois não nos basta um pequeno pedaço de papel recentemente encontrado para demonstrar seja o que for.
Mas, em verdade, a Igreja dos primeiros séculos ocultou a acção de Tiago, primeiro bispo de Jerusalém como forma de manter incontestada a Imaculada.

A Santíssima Trindade, imagem deturpada do politeísmo. Um exercício de legitimação dogmático de cariz contorcionista, com contornos irregulares e intencionais – 1=3 e 3=1.
Este mistério – já vimos o que é um “mistério” para a Igreja de Roma –, mistério central da fé e da vida cristã (Cat 234) consigna que em Deus há três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, tendo todas elas a mesma natureza divina, sendo em consequência um só Deus.
As três pessoas distinguem-se apenas pela origem, já que o Pai não procede de ninguém, o Filho é gerado pelo Pai, e o Espírito Santo provém do Pai e do Filho.
Assim a fé cristã, não assume três deuses, mas um só Deus em três pessoas, que podemos denominar como Trindade consubstancial.
O Espírito Santo tem a mesma natureza do Pai e do Filho, merecendo a mesma adoração. Por ele somos iluminados e imersos na sabedoria divina, fortalecendo-nos o entendimento e a vontade, tornando-nos seres de coragem e acérrimos defensores da Verdade, mesmo que façamos perigar a nossa vida. É ao Espírito Santo que devemos implorar as suas virtudes e dons. 
O Filho é Deus e Homem verdadeiro, duas naturezas cuja união se dá numa única pessoa, que é para todos os efeitos divina.
Alguns teólogos entendem o dogma da Trindade como fé no Deus Uno e Pai, através de Cristo, seu filho e enviado e no Espírito de Deus e no Espírito de Cristo. Uma nova imagem, uma nova ilusão de “óptica”.

A divindade de Jesus é de extrema importância para o cristianismo. Sem Cristo não há cristianismo, mas um erro ainda que desculpável, caso não venha a ser demonstrado o dolo dos doutrinadores.
A igreja e os seus pensadores mais não fizeram do que diversificar, construindo e destruindo argumentos como se questão essencial à sua sobrevivência fosse de somenos importância.
Para uns, Jesus é apenas divino. Só divino (docetismo). Outros julgam-no humano (ebionitas). Para outros, nem só divino, nem só humano. A cristologia angélica atesta que não é divino nem humano. O nestorianismo considera que as suas duas naturezas estão separadas, enquanto que os que as entendem não separadas, classificam-nas como distintas (ortodoxos) ou indistintas (monofisistas).
Se Jesus não for divino, divina não é a sua doutrina (e qual será a sua verdadeira doutrina?), como divina e autêntica não é a sua igreja. Provar a sua divindade por via dos milagres, das profecias e pelo testemunho dos Apóstolos é no mínimo inusitado.

A Redenção está intimamente ligada à Paixão de Cristo. A crucificação de um Deus, um escândalo para os judeus e uma loucura para os gentios, como Paulo asseverou numa das suas Epístolas, não será propriamente o sinal de esperança, nem o centro da espiritualidade cristã. Veremos que tal fenómeno se prende com a Ressurreição.
A redenção consistiu no oferecimento de Jesus à morte por todos nós pecadores, compensando a dívida conveniente à justiça divina, o que nos libertou do pecado e do poder do Demónio, Senhor do Mundo. Deste modo, passámos a granjear de novo a divina graça e o direito perdido de ascensão ao Paraíso. Cristo pela crucificação desagravou a ofensa, varreu a culpa e perdoou a pena a que nos sujeitámos. Pelo seu mérito recuperou o homem, fazendo com que de novo obtivesse a graça e o Céu, resgatando-nos e libertando-nos do poder do Maligno. 
Por ter morrido por nós, venceu a morte e o Diabo “que tem o poder da morte” (Heb 2, 14).

Que estranho Deus este, que exige a reparação do pecado ou da ofensa, não se satisfazendo com a mera cessação, antes exigindo que o seu filho amado nos substitua, submetendo-o aos mais ignóbeis maus-tratos, pérfidas injúrias, e à temível e abominável crucificação destinada aos criminosos dos povos ocupados – só em casos muito excepcionais, sempre que pelos seus crimes os cidadãos romanos perdessem a cidadania poderiam ser condenados a tal execução.

Tendo conhecido a morte como todos os homens a ela sujeitos, desceu à morada dos mortos ou mansão dos mortos, não para aí permanecer, mas para anunciar a Boa-Nova aos que ali se encontravam desde os primórdios dos tempos humanos. Estes, tivessem sido justos ou pecadores estavam privados da visão de Deus, aguardando o Redentor – será necessário algum comentário? Julgo que não.
Os iníquos continuaram privados de tal visão, no “verdadeiro” Inferno, enquanto os justos foram definitivamente libertados.

A Ressurreição de Jesus foi um fenómeno que em muito pouco tempo se viu envolto numa lendária névoa e em múltiplas contradições. Na nossa perspectiva, Jesus não ressuscitou. Daí que:

"Se Cristo não ressuscitou, então a nossa pregação não tem sentido e também não tem sentido a nossa fé"  (1 Co 15,14).
S. Paulo

Já tratámos desta temática noutra sede para onde vos remetemos »


Continuemos com a doutrina da Igreja de Roma.
Jesus ressuscitou ao terceiro dia, no cumprimento das promessas do Antigo Testamento e subiu aos Céus na Galileia, a partir de uma edificação fechada (Mc 16, 19), em campo aberto, junto de Betânia (Lc 24, 51) ou foi arrebatado desaparecendo por detrás de uma nuvem (Actos 1, 9 – da autoria de Lucas, o Evangelista).

Quarenta dias depois da sua ressurreição subiu ao Céu em corpo e alma, por sua virtude. Aí, está sentado à direita de Deus Pai (Mc 16, 19 – atente-se que esta parte final do Evangelho de Marcos é um aditamento posterior ao texto original).
É interessante anotar a doutrina de que Cristo terá subido ao Céu enquanto Homem, porque enquanto Deus, segunda pessoa da Trindade, nunca deixou de lá estar.

Donde há-de voltar, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos (Parúsia).
O Juízo Final é parte integrante da fé da Igreja (Mt 24, 30) e (Mc 13, 26), constando do antigo Credo cristão – Symboli Apostolici, séc. II – e do Credo actual.
No fim dos tempos – antes do Juízo Final - cada homem haverá de ressuscitar. A alma juntar-se-á ao corpo que teve na terra para nunca mais se separar dele. Ressurreição da carne num corpo glorioso. Mas, os pecadores, os que não demonstraram arrependimento ou pecaram contra o Espírito Santo irão ressuscitar repletos de ignomínias, em corpos não-gloriosos.

Os condenados, ou seja, todos os que morrerem em pecado mortal sem arrependimento irão para o Inferno, lugar de tormentos, de eternos suplícios.
Aqui haverá choro e ranger de dentes, suplício do fogo. Privação da presença beatífica de Deus, do amor, repouso e alegria. Todos os males e dores envolverão os condenados.

O Purgatório (teorizado entre 1024 e 1254, num período em que proliferavam Apocalipses com visitas ao Céu e ao Inferno) é acima de tudo um lugar de purificação para a santidade das almas de justos que não expiaram convenientemente os seus pecados. Expiam-nos neste estado intermédio com graves sofrimentos que lhes preparam a entrada no Céu.

O Céu é o lugar dos justos na eterna presença beatífica e amorosa de Deus. Recompensa divina para os rectos de espírito e cumpridores dos preceitos sagrados, que têm acesso à visão directa de Deus, na posse de todo o Bem.
Aí, viverão os eleitos na presença de Cristo. 
Interessante realçar, que os gozos do Céu serão proporcionais ao mérito de cada um.
Anotemos que as descrições do Compêndio do Catecismo quanto ao Inferno e ao Purgatório foram amenizadas e o Limbo simplesmente excluído – lá anda Deus a dizer e a desdizer coisas aos infalíveis…

Falemos ainda do Limbo, mencionado no Catecismo da Igreja de 1992. Lugar das almas dos justos antes da vinda do Messias, onde o aguardaram pacientemente para poderem penetrar a glória do Céu.
Depois da sua vinda é o lugar das almas das crianças que morrem sem que sejam baptizadas. Almas privadas na eternidade da visão de Deus e da beatitude do Céu. Vale-lhes o facto de não sofrerem as penas de sentido.
O Sumo Pontífice, a quem foi concedido conciliarmente (Concílio Vaticano I) o primado e o dom da infalibilidade – água benta e presunção cada um toma a que quer -, tomou em atenção esta singularidade aberrante: se uma criança com 1 ano morresse baptizada ia para o Céu e gozaria da presença amorosa de vosso Deus, mas se o não fosse, paciência…
Suprimindo este artigo do dito Compêndio, como suprimidas ou alteradas foram muitas outras pseudo-verdades buscou a Igreja uma nova face que não tem correspondência com negra-alma.

Vede ainda Eminências:
A Igreja é Católica porque Cristo a constituiu para todos os povos e tempos – não terá sido antes Paulo que estabeleceu um Paulinismo universal?
Fora da Igreja não há salvação.
“Quem acreditar e for baptizado será salvo, mas quem não acreditar será condenado” (Mc 16, 16).
Excepcionam-se os que ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, buscam Deus com sinceridade, esforçando-se por cumprir as suas determinações (LG 16).
“Uma no cravo outra na ferradura”.

Diga-se que com Cristo os mandamentos da Lei se resumem a dois:
- Amar a Deus sobre todas as coisas e,
- Amar o próximo como a nós mesmos.
Voltaremos a esta temática, sem que nos pronunciemos de imediato pela sua bondade, mas também por uma evidente improficuidade historicamente comprovada.
  

Estranha e complicada religião. O que deveria primar pela simplicidade é um enredo labiríntico e ilógico.
A doutrina e os próprios livros ditos Sagrados – Palavra de Deus – contradizem-se manifestamente.
E tal ocorre no Cristianismo, no Judaísmo, no Islamismo e em praticamente todas as religiões do mundo, crenças desesperadas do medo.


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Em finais do ano de 2005, Jean Ziegler, relator especial da ONU para o Direito à Alimentação, afirmava que mais de 2 milhões de pessoas morriam em todo o mundo como consequência da fome – um número que excedia o da sida, da malária e tuberculose juntas.

No ano de 2003 terão morrido especificamente de fome cerca de 840 milhões de pessoas, com um acréscimo de 11 milhões no ano seguinte, contrariando o comprometimento constante dos Objectivos do Milénio.

Nesses tempos, ainda tão próximos, poderiam produzir-se alimentos para 12 mil milhões de pessoas, ou seja, o dobro da então população mundial.

Hoje, a população mundial ronda os 7 mil e 300 milhões. As mortes por subnutrição, relacionadas com a inexistência de água potável, por malária e sida atingem mais de um milhar de milhão, enquanto nos países desenvolvidos as pessoas com peso a mais ultrapassam mil e seiscentos milhões e os obesos serão cerca de 600 milhões.

Metade da população mundial vive na pobreza, contentando-se com 1% da riqueza mundial, tendo apenas como meio de subsistência 2 dólares diários. Mais de mil e 200 milhões vivem na maior das misérias, enquanto 2% dos homens mais ricos do mundo possuem mais de metade dessa riqueza global.

A cada 5 segundos morre de fome uma criança com menos de 10 anos.
Como anota Ziegler, todas as crianças que morrem de fome morrem assassinadas, e todos nós, quer queiramos ou não participamos desse crime hediondo, uns por acção e outros por omissão.


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E por muito que nos custe, vamos encontrar esse tipo de criminalidade consentida nos países mais carenciados.
Tomemos como exemplo Angola, que viu em 2014 dissecada a actuação do seu Governo, no que toca ao combate à fome e à subnutrição. Num total de 45 países escrutinados quedou-se pelo 42º lugar – 3 lugares acima da Guiné-Bissau.

Mas a família presidencial e seu “séquito” ostentam uma fortuna ensanguentada, num dos países do mundo com mais fome e subnutrição. Atente-se que em Janeiro de 2013, a filha mais velha do presidente, atingiu o indigno objectivo de se tornar na primeira bilionária africana – fonte: Forbes.

Uma fortuna, como muitas outras de políticos e generais, pútrida e cruenta, que se alastra ao país que é a sua “lavandaria” - Portugal a lavandaria de Angola - por mera conveniência económica.


Também noutros Estados – e são muitos –, cujo crescimento económico não respeita meios para atingir finalidades perversas, como a China e a Índia onde o ser humano mais não é do que número na produção, enquadrando-se numa novíssima escravatura, desvirtude sem remissão do século XXI, abunda a impunidade da mais sórdida criminalidade.


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A história do mundo foi sempre marcada por guerras devastadoras e por uma violência generalizada.

Mais guerras do que anos, incontáveis são os mortos. Militares, homens, mulheres, velhos, crianças, todos serviram de alimento a ideologias religiosas, à ambição e ao capricho de líderes sem escrúpulos.

No século passado, só na segunda guerra mundial (1939-45) terão falecido cerca de 70.000.000 de seres. 25 milhões de soldados, 42 milhões de civis e 6 milhões de judeus.

O terrorismo das grandes potências. Da antiga União Soviética no Afeganistão, americano em Hiroshima e Nagasaki.
Da Alemanha nazi. Dos cerca de 9 milhões de judeus que residiam na Europa antes do holocausto, 2/3 foram mortos nos campos nazis: 1 milhão de crianças, 2 milhões de mulheres e 3 milhões de homens. Mais um acto horrendo de terrorismo.
A guerra é para os guerreiros. Quando um Estado ataca deliberadamente civis desarmados, dizimando velhos, homens, mulheres e crianças, não podemos falar de acto de guerra, mas antes de terrorismo, ainda que em sentido lato.

A primeira guerra mundial (1914-18) terá sido mais benevolente: 10 milhões de mortos. Menos do que os 20 milhões da gripe espanhola que eclodiu na Europa logo a seguir à dita guerra.

O Vietname (1955-75) com o uso terrível do napalm e dos bombardeamentos constantes sobre as populações civis.

São milhares de conflitos armados que espelham a verdadeira natureza do homem. Devastação de povos, mortandade generalizada de inocentes, velhos, mulheres e crianças, enquanto os líderes engravatados invocam o santo nome de Deus para as suas miseráveis deliberações de expansão e domínio, nomeadamente a conquista da Suméria (MMXX a.C.), a guerra de Tróia (c. 1200 a.C.), Peleponeso (c. 400 a.C.), campanhas de Alexandre (c. 300 a.C.), invasão muçulmana da Península Ibérica (c. 700 d.C), da 1ª à 9ª cruzada (c. de 1096 a 1291), dos Cem Anos (séc. XIV e XV), guerras napoleónicas (1803-1815), do Yom Kipur (1973), ocupação soviética do Afeganistão (1979-89), guerras da Chechénia (1994-96 e 1999-2000), do Iraque (2003-11) e tantas outras.

E há a violência gratuita e injustificável das polícias, das autoridades administrativas, dos magistrados corruptos, dos médicos negligentes e de muitos outros delinquentes bastas vezes apadrinhados por Estados infectos.

Quantos milhares de mortos numa história repleta de atrocidades, tudo como consequência de nauseabundos líderes religiosos e políticos “ranhosos”, numa violência sem limites.


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Como viver neste planeta canibalesco é pergunta que nos assola o espírito com frequência. Qual o sentido da vida? Que regras devem pautar a nossa existência?

Este é um mundo de nacionalismos, religiões, facções políticas, clubismo. Cristãos, muçulmanos, judeus, hindus, budistas, democratas, comunistas, portugueses, chineses, sírios, alemães.
Buscamos um ou mais rótulos, companhia física e nas ideias por receio da solidão. O homem tem medo de estar só.
Acompanhados, covardemente maltratamos, assassinamos, participamos no massacre dos inocentes, com a crueldade e impiedade que só aos humanos reconhecemos, em nome de Deus, de uma qualquer religião, dos estúpidos nacionalismos e de todos os partidarismos.

Mundo de opulência, ganância, desejo do oiro e do prestígio, avareza, onde grassa a todos os níveis o compadrio, o proveito próprio e a corrupção. Mundo dos falsos discursos e promessas vãs proferidas por bocas infectas como sepulcros escancarados. Mundo sem justiça, de ladrões, negreiros e corsários. Mundo de criminosos de colarinho branco aplaudidos por bandos de asnos.

Os senhores do capital e do poder estão acompanhados por um povo estultificado por uma asinina comunicação social. O povo acrítico do futebol, dos concursos televisivos, das telenovelas, dos ídolos borra-botas, gigantes-pés-de-barro. Povo sem carácter, egocêntrico, completamente alheio à cultura e à sabedoria. Povo que adormece ao som das mentiras de políticos e sacerdotes, que esbraceja quando acossado nos seus interesses, mas que com a rapidez que convém, olvida agravos e escândalos perpetrados a um sem número de desvalidos pelos poderosos, ladrões, e corruptos, sevandijas da humanidade decrépita, seguindo-os como dócil besta de carga.
Povo sem vontade própria, que vota nos seus carrascos e constrói de bom grado o seu cadafalso e o dos seus semelhantes. Povo de vistas curtas que só consegue enxergar o seu próprio umbigo e é bastas vezes cúmplice ou executor das atrocidades ordenadas pelos mandantes deste planeta corroído pelo Mal.

É o povo nos países ditos democráticos que aclama e elege os ladrões e corruptos. É o povo que não quer enfrentar a realidade de que a sua miséria advém da corrupção no Estado, que alimenta uma turba de ladrões
É o povo que alimenta as falsas crenças nas Igrejas improdutivas e lhes farta os cofres, santificando o pecado e a malignidade.
É o povo que idolatra homens e mulheres que mais não são do que esterco.


O Maligno existe. Ele é a essência da humanidade e a natureza do homem. Encorpou a maioria dos líderes religiosos, dos governantes, dos políticos, dos magistrados, dos advogados, dos sacerdotes, das autoridades policiais e administrativas, dos ricos e dos poderosos.
Se buscardes a mentira, a verdade manifestar-se-á e com os vossos olhos vereis a adversidade, a promiscuidade, a gatunagem, a indecência e o mal que impera e quem são os seus causadores.

Comparemos a opulência dos templos com a miséria dos que à fome morrem.
Indignação, apenas isso…
A opulência dos palácios e dos “banquetes”, das recepções monárquicas e presidenciais.
Mais indignação…
Quando olho o mundo, minado de miséria, de ausência de caridade e compaixão, lembro-me das palavras de S. Jerónimo (345-420): “Vivemos como se fossemos morrer amanhã; mas construímos como se tivéssemos de viver sempre neste mundo. As nossas paredes fulgem de ouro, como os nossos tectos e os capitéis das nossas colunas; mas Cristo morre às nossas portas, nu e faminto na pessoa dos seus pobres.”



Precisamos de aniquilar o mal.
Destruir os “muros” dos templos, a ostentação das religiões. Dispensar os sacerdotes e outros vendilhões de falsidades celestes.
Queimar os livros ditos sagrados, com as suas crenças desesperadas – mas oportunistas – da ressurreição e da reencarnação.
Derrubar os regimes ditatoriais, destituir os políticos corruptos, renunciar a crenças e nacionalismos.
Obrigar os ricos, os governantes, os políticos, à restituição das fortunas conseguidas por meio da ladroagem instituída e legitimada pela indiferença de um povo disbúlico.
Enfrentar corajosamente a violência gratuita de todas as autoridades, sejam elas quais forem.
Envergar a “espada” sempre que o escândalo o justifique.
 “O cobarde mata com palavras o bravo pela espada”.
Deixemos de ser cobardes.

Sejamos nós mais um dos Enviados do Deus dos Pobres.



Estejamos atentos. A humanidade tem défice de atenção. A realidade actual confina-se às novas tecnologias; não é humana é virtual. Temos de olhar a realidade de frente, vê-la tal qual ela é.
Atenção constante. Em todas as circunstâncias, abrindo-nos ao universo até que ele seja a nossa mente e a nossa mente ele.
Libertemo-nos do apego, seja ele qual for. Como na expressão, “Se encontrardes o Buda, matai-o”.
O nosso caminho não tem fim nem princípio. Não tem saída. Temos de ir sempre mais além, na direcção do horizonte, de novos horizontes, novos aléns, na certeza de que não entraremos no Reino de Deus com as riquezas que a traça e a ferrugem corroem.


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REGRA DE OURO PARA UMA NOVA RELIGIOSIDADE


Nem os políticos nem os religiosos querem ou podem transformar o mundo. Aliás, as suas palavras são apenas palavras divorciadas de seus actos. Os papagaios engravatados a quem o povo presta vassalagem.

A religiosidade é o senso individual da união com o Todo.
A sociedade só se transformará quando cada um de nós se transformar.

Sacerdotes viciosos, políticos enganadores que enriquecem no seio da governação com o dinheiro dos pobres, ricos gananciosos onde os fins justificam todos os meios.

Para quê tantos rituais, orações, sacrifícios, penitências, doutrinas que confundem e mergulham o homem numa selva impenetrável de preceitos? Porquê procurar fora o que está dentro?
Talvez assim se consiga manter uma multidão de sacerdotes que ao perder o emprego teriam de dormir debaixo da ponte, porque mais não sabem fazer do que enganar o povo com palavras vãs.
Talvez porque quanto mais incompreensível for a essência de Deus, maior a adesão à palavra de meia-dúzia de iluminados que nem em si mesmos se acreditam.
Talvez porque como “o hábito faz o monge”, não será aprazível às igrejas ver os seus baús esvaziados das moedas depositadas, quantas vezes por quem vive no limiar da pobreza, principalmente quando se habituaram a viver na ostentação com dinheiro alheio.
Viverá alguma igreja com o fruto do seu suor?

O meu Deus – nem sei se lhe hei-de chamar Deus -, não é o deus forjado e retocado pelo homem.
Ele é o Todo omnipresente, a Energia do Cosmos, o Cosmos que não principia nem acaba, que convive com as leis do acaso e que vagueia dentro destas paredes, em mim, fortalecendo-me na sua paz, nos jardins que me envolvem, que atravessa as serranias e que se estende até ao infinito.
É o vazio que se instala no vazio da minha mente. Quando quer, não quando eu quero.
Não é omnipotente, nem omnisciente. Não o poderia ser. Se o fosse tudo seria diferente e as minhas palavras “palha”. Não quer ser adorado, nem glorificado por anjos e homens. Não reconhece autoridade a papas, cardeais, sacerdotes, presidentes e intelectuais. Ele sofreu no Sudão, em Auschwitz, nas batalhas, com as crianças que morreram ingloriamente por culpa de todos nós. Ele sofre hoje com os que sofrem. Sofre com os que sofrem e rejubila com os que se alegram.
Sabe como é difícil amá-lo acima de todas as coisas e o próximo como a nós mesmos. Sabe como tudo isso é bonito de dizer, impossível de praticar. Por isso, apenas nos pede o possível. 


Questionei-o sobre a existência do Mal no mundo. Resolvi de vez o insolúvel problema das teodiceias, quando me respondeu:
- Tenho-te a ti!

Tem-vos a vós também
e apenas nos pede, que:

- Não façamos aos outros o que com justiça não queremos que a nós nos façam; e
- Façamos pelos outros o que com justiça gostaríamos que por nós fosse feito.

Tão simples.
A santidade é tão simplesmente a consciência das nossas acções, instante a instante; consciência constante. Veja-se»


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Por vezes, nestas longas noites em que Te tenho por companhia, penso em Tiago “o Justo”, o irmão de Jesus e numa ou outra passagem da sua Epístola. Piedoso, recto, honrado, e infatigável defensor dos pobres, prezado em Jerusalém por judeus e venerado por cristãos.
“E agora vós, ó ricos. Chorai em altos gritos por causa das desgraças que virão sobre vós. As vossas riquezas estão podres e as vossas vestes comidas pela traça. O vosso ouro e a vossa prata enferrujaram-se e a sua ferrugem servirá de testemunho contra vós e devorará a vossa carne como o fogo. Entesourastes, afinal, para os vossos últimos dias!
Olhai que o salário que não pagastes aos trabalhadores que ceifaram os vossos campos está a clamar; e os clamores dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor do universo! Tendes vivido na terra, entregues ao luxo e aos prazeres, cevando assim vossos apetites… para o dia da matança!”

Só dando voz aos pobres a mente poderá penetrar o vazio da morte que é a essência da Vida.


PEQUENOS DEUSES CASEIROS

Chegará o dia, dia que já não verei, em que não existirão “sentinelas” que os protejam.


Repito-me:
Aos oprimidos, aos injustiçados, aos famintos, a todos os espoliados e desvalidos, dir-vos-ei com Jesus: Se não tendes uma espada, ide, vendei tudo o que tendes e comprai uma.
Seja ela em vossas mãos gretadas um gesto, uma voz, um voto, um grito…


AFONSO DUARTE – GRITO

Bebi peçonha, passei por uma guerra, conheço os homens…
Não, não me irei suicidar, mas passarei o resto da minha vida a “gritar” pelos meus pobres.
Todo o resto não vale nada.

                      É por ti que eu “grito”!




S. Romão, Abril de 2015